The Past - Live #1

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Estive a ver umas coisas do passado e decidi fazer um apanhado, até para mim mesmo, dos melhores concertos que já dei, em 6 anos de carreira gloriosos e recheados. Do quê?

Vou, obviamente, correr todos os projectos onde estive, porque todos tiveram pelo menos um concerto marcante.

1. Snow Crackers na Colectividade Vendedores De Jornais - Janeiro 2008

Esta foi o culminar da altura áurea dos Snow Crackers. Tendo gravado um EP no Verão antes, com alguma rodagem em rádios online e sites da cena, e com uma enchente de concertos desde o fim de 2007, este quarto-de-final do II concurso de bandas do SSL (onde chegámos (e de onde saímos) levados em ombros pelo nosso núcleo de amigos - as eliminatórias eram decididas pelo público e nós tinhamos muito e fiel) foi, para nós, um total caos de destruição punk, com (boas) dezenas de vozes a gritarem "ANTICHRIST!" por nós.
Entre muitas hormonas adoloscentes, mosh, crowdsurf (incluindo um meu, de guitarra ligada, no solo de baixo do Alex na Antichrist), stagediving, e outras tantas batatadas e murraças depois, aquela meia hora quase certa soube a uma vida inteira de contestação, de apontar o que está mal e bater-lhe, cuspir-lhe em cima. Tudo de um ponto de vista adoloscente o suficiente para agora, apenas 2 anos depois, conseguir distanciar-me e analisar as coisas dessa maneira. Foi nesse concerto que descobri as maravilhas do feedback, foi nesse concerto que a minha Squier começou a apanhar na boca a sério, e foi nesse concerto que percebi que aquilo, ou isto, é que é vida para mim.

Cuspimos 10 músicas, rápidas e directas e sem merdas pelo meio, com o alinhamento-standard dos Snow Crackers, em que eu começava no baixo e a meio trocava com o Alex.

Tocámos dois covers. O primeiro, estrategicamente metido na nossa alteração de line-up a meio do concerto, foi o refrão da Punx Unite dos Casualities, refrão esse que eles roubaram da If The Kids Are United dos Sham 69.
Tocámos também a Maxwell Murder dos Rancid como "encore" porque desta vez, como muito poucas, pediram-nos mais e tivemos de voltar a subir. O Jójó não tava muito na cena, então juntou-se no moche. O Alex entregou aquele solo de baixo comido na perfeição (como ele me impressionou em 2006!), eu mandei os acordes e o Filete manteve o ritmo frenético de minuto e meio de devastação. Tocámo-la mal, cantámo-la mal (limitámo-nos a gritar "Dial 999!" e assim) e acabámos por matar a sede daquele pessoal todo.

No final do concerto, antes da outra banda entrar, fui buscar uma imperial. Na fila do bar, o João Ribas (sim, o padrasto do punk português, Kú De Judas, Censurados, Tar Perdida..) disse-me para eu guardar a minha senha de banda e pagou-me ele a imperial. Foi uma forma de mostrar apreço, além da conversa que tivemos, e passámos a rodar na rádio online que ele teve com a namorada na altura. Disse que não ia votar em nós, que estava lá para votar nos Empty Bottles (pessoal do melhor, e música punk como até hoje não ouvi mais), mas isso para mim não significava nada.
Na altura, a rebentar e a aparecer, um gajo era mais novo, as opiniões preocupavam-me mais do que agora, que mal me tocam. Apesar dos últimos dois discos dos Tara, não deixa(va) de ser o João Ribas que aí anda(va) há 20 anos.

Foi talvez o concerto que mais me marcou até hoje, apesar de não ter sido o melhor que dei, a nível de alinhamento, de tecnicismo, até de presença (algumas técnicas de que hoje disponho eram na altura embriões), mas foi aquele em que me senti melhor e que fiz crowdsurf de guitarra ligada. E voltei a palco sem pôr os pés no chão.

Nesta tarde vi também outro conecrto que me iria marcar, dos The Hypers, que até hoje se mantêm como uma das bandas que carrega o peso do futuro do rock nacional ás costas.

Depois de um dos melhores concertos que dei, passei a noite com o pessoal por Lisboa, a arruaçar, bastante moralizados. Passámos este quarto-de-final com os Empty Bottles, porque tinhamos crews muito fortes e apoiávamo-nos mutuamente. Curiosamente perdemos esse concurso na meia-final, com os Empty Bottles, numa confusão qualquer que o pessoal fez com os votos que nunca percebi bem, e que até acho que foi o Alex que começou.

0 comentários:

Enviar um comentário

 
Chique Esperto. Design by Pocket